Desde 2010 no Brasil,
o modelo de negócios chamado startups
tem crescido vertiginosamente nas mais variadas áreas. O termo ganhou ênfase a partir das
inúmeras inovações e ideias empreendedoras que caracterizaram o desenvolvimento
do Vale do Silício ou Silicon Valley, uma região da Califórnia/EUA, de
onde surgiram empresas como Google, Apple Inc., Facebook, Yahoo!, Microsoft,
entre outras, hoje conhecido como o maior polo tecnológico do mundo (1)
O fato é que a cada
dia que passa, jovens, empreendedores e grupos inovadores buscam oferecer
serviços e produtos que atendam a sociedade moderna, cada dia mais preocupada
em reduzir burocracia e aumentar a agilidade e lucratividade. Isto nos coloca
em diversos embates de ideias e paradigmas. Mas a questão principal é avaliar
se estas empresas de startups são confiáveis, ou se também serão apenas mais
uma tendência que será aos poucos “esfriada”.
Partindo desta
premissa moderna de inovação e criatividade negocial, surge uma tendência até
pouco tempo desconhecida ao menos no mercado brasileiro, voltada para a
captação e fornecimento de recursos financeiros: as Fintech’s (financial
technology), cuja origem partiu de um programa Americano de aceleração de
empresas de Startups voltadas para soluções financeiras como contas correntes,
cartões de credito e linhas de empréstimos.
(2).
Este incentivo
evoluiu e nos dias atuais a solução financeira por meio de “bancos” virtuais já
é uma realidade para muitas pessoas e empresas que buscam linhas de credito. A
forma facilitada e 100% online atrai
o publico moderno, que prefere relações digitais quando a questão é fazer ou
gerar negócios.
O que ainda preocupa
o publico geral brasileiro ainda são velhos paradigmas acerca da segurança de
relações financeiras praticadas virtualmente, a ausência de estrutura física,
que conduz ao pensamento de “se tiver problemas, onde eu vou pra reclamar?”,
“com que eu falo?”, “quem é o gerente?”, enfim, medos e receios ainda de uma
sociedade pouco acostumada com a era digital.
Mas será só este o
receio?
No ponto de vista de
investidores, das grandes empresas financeiras e do próprio Banco Central, o
risco destas operações ainda esta na ausência de regulamentação especifica,
como ocorre com o caso das moedas virtuais, como o Bitcoin. (3)
O Banco Central do
Brasil se diz pronto para regulamentar e intervir tanto nas Fintech’s quanto
nas moedas virtuais. Todavia, a realidade atual revela que a ausência de
regulamentação ainda deixa o consumidor inseguro no momento de contratar. (4).
As grandes instituições
financeiras, subordinadas às normas e regulamentações do BCB, mostram dinamismo
e já criam plataformas e ferramentas on
line para facilitar a vida dos seus clientes e avançar nesta intensa
concorrência que foi ainda mais incrementada com o surgimento das startups financeiras.
O próprio Banco
Santander abriu concorrência para investimento em Fintech’s, e fez parcerias de
investimentos com as empresas vencedoras da disputa em diversos países. (5)
Em palestra feita na
FEBRABAN, o presidente do Banco Itaú, Roberto Setubal, mencionou ao
tratar as Fintech’s como uma ferramenta de crescimento aos Bancos e não de
disputa: "Não é estratégia de sobrevivência, é uma estratégia de
crescimento.". Complementou ainda acerca do momento tecnológico do
mundo nas relações financeiras: “Nunca tivemos no banco um envolvimento com
tecnologia tão grande como temos agora.". (6)
Esta maturidade das
Grandes Instituições financeiras mostra claramente que os Bancos Virtuais
vieram para ficar, mas que certamente deverão ser devidamente regulamentados,
para que possam gerar conforto atrelado a confiabilidade e segurança aos
consumidores nacionais.
Por fim, vale dizer
que não apenas as mídias sociais, aplicativos de entretenimento e forma de
compra de bens evoluíram, mas também o mercado financeiro e sistemas bancários
estão ficando cada dia mais online e
simplificados, seja por meio de Startups,
Bancos Virtuais ou Grandes Instituições Financeiras. A realidade de mercado
está posta. Para que sigam dialogando com o exigente e consumidor moderno, cabe
às grandes e sólidas corporações da área financeira e bancária colocar
genuinamente este cliente no centro de
suas atenções a fim de se lhes apresentar de forma leve, prática, simples,
sólida e segura.
Dr. Flávio
Eduardo da Anunciação
Advogado do escritório Crespo e Caires
Notas:
(6) http://epocanegocios.globo.com/Tecnologia/noticia/2016/06/tenho-certeza-que-nos-bancos-temos-que-correr-diz-setubal-sobre-avanco-das-fintechs.html