Acabou o Campeonato Brasileiro; campeonato que
jamais terminará. A última rodada foi estranha. Futebol jogado com um nó
ainda não desatado na garganta de atletas. Torcedores respeitando como
nunca o minuto de silêncio. O verde da Chape colorindo arquibancadas
nunca antes frequentadas pela cor da esperança. A cidadania deu as caras
nos estádios.
O
avião caiu há semanas. A nossa ficha ainda não. Estamos ainda tentando
digerir a tragédia. E estamos aprendendo com ela. As aulas começaram no
estádio de Medellin no momento em que seria realizado o jogo. O que se
viu ali foi ímpar. Belo. A sensibilidade dos irmãos colombianos ao
chorarem a perda de gente que eles não conheciam foi comovente. Suas
lágrimas molharam o ressequido solo dos corações e regaram mundo afora
uma semente que já parecia morta: a semente da humanização. O que se viu
ali e a partir dali foram demonstrações diversas de solidariedade, de
empatia, de amor. Uma harmoniosa reunião das torcidas organizadas de São
Paulo saltou dos sonhos para a frente do Pacaembu. Gente que quer se
matar ao longo do ano inteiro se reuniu pacificamente para prestar uma
simbólica homenagem aos que se foram. Lindo, também, foi o que aconteceu
em Curitiba (500 km de Chapecó) no momento e local em que seria
disputado o segundo jogo da final do campeonato. O estádio estava cheio
de gente que saiu de casa para prestar homenagens às vítimas deste
crime. Naquele dia não havia no Couto Pereira torcedor de Coritiba,
Atlético Paranaense ou Paraná Clube. Havia gente. Insano fanatismo em
décimo plano, diante da triste razão que uniu a voz de três torcidas
rivais para cantarem juntas “vamo, vamo Chape”.
Será
que carecemos de tragédias para agirmos como seres humanos? Diante da
tragédia o rival se torna irmão. O que nos difere se dissipa e se rende
àquilo que nos identifica. Somos humanos. Ainda somos humanos.E podemos
decidir ser mais humanos em 2017. Independente de tragédias. Temos um
ano novinho em folha pela frente.
Que tal?
Isso aí Rodolfo.
ResponderExcluirAbraço, Michelly Goes